segunda-feira, 30 de julho de 2012

A Arte, e o Poema: a Pintura de Sônia Carolina

O traço compõe.
O verso decompõe
no grito do gesto
livre, a ecoar
em todo canto
onde meu canto alcança,
onde meu olhar abrange...
Onde soprar o amor,
este meu sonho
irreverente,
vermelho escarlate
há de brilhar.
Na luz da manhã
que chega, e
naquele silêncio
em que a noite
se afasta.

       Somos a uma invenção de nós mesmos, com nossas cores formas e desejos expressados através das telas, poemas em cor, driblando a irrealidade do tempo, para que nossas imagens pensamentos repletos de luz e amor, sobrevivam apesar do tempo, transbordando na retina dos olhos e da mente, propostas singelas de amor e esperança que vibrem singelas, conforme o interior do espectador.
Os símbolos expressam a natureza íntima dos nossos conflitos, desejos latentes transcodificados na memória das formas e das cores, relação manifesta de um tipo de comportamento pensamento, palavra mascarando conceitos a fim de se expressar de uma forma simbólica, conquanto conflitante com a nossa maneira de ser.
Decidimos conscientemente que o símbolo exerce a função de reunir matéria e espírito, sensação e emoção, forças centrífugas do nosso psiquismo à  qual o símbolo se opõe numa força centrípeta nos convidando de forma abstrata, a nos conhecermos.
O pintor é apenas um ser que transforma ou sintetiza a sua realidade. A sua obra intui as impressões, os conhecimentos e os temores da alma humana.

                                                                  Scarolla Carolina

sábado, 28 de julho de 2012

Sôbre a Física Quântica e a Inteligência Espiritual

Sobre a Física Quântica e a Inteligência Espiritual


       Observamos, através da passagem do tempo, o estudo da Ciência preocupada com a constituição da matéria, sempre buscando, através da compreensão e do estudo, desvendar o “segredo” das múltiplas combinações no campo da forma.    Grandes descobertas nos chegam, através de espíritos dedicados, alargando os horizontes de homens apegados à matéria dentro da Teoria Mecanicista e em parte por Filósofos presos à idéia do fixo, do imutável. No entanto, apesar de tudo, espíritos iluminados uma vez mais, no âmbito terrestre, continuam através de estudos e observações a nos descortinar conhecimentos que iluminam os horizontes do mundo, modificando, criando outras e grandiosas concepções. Algumas, dentre essas teorias, estavam destinadas a perecer sob os auspícios do novo conhecimento representados por numerosos ateístas, materialistas desconcertados ante a base que se lhes cedia por debaixo dos pés de argila. Assim, hoje, numerosos aprendizes dão continuidade à obra de evolução, colaborando para o despertar do homem “novo” para novos e maravilhosos conhecimentos que nos tornarão verdadeiros colaboradores na construção e entendimento dessa nova era onde, enobrecidos pela seriedade do estudo da ciência, as verdades que permaneciam ocultas aos leigos irradiarão sua luz abrindo-nos Portais de renovação e entendimento que permaneciam embotados pelo ranço de antigas e ultrapassadas especulações materialistas negativistas.   O homem, preso a esse tipo de concreto mental, Tomés do mundo contemporâneo, só começarão a perceber a realidade do espírito através do avanço da ciência. Nós, privilegiados pelo conhecimento e, sobretudo pelo entendimento da Doutrina codificada por Kardec, nos sentimos plenos de encantamento ao ler “Nos Domínios da Mediunidade” André Luís, e  nos emocionamos ante a narrativa: ... ”Centralizando a atenção, através de pequenina lente que Àulus nos estendeu, o cérebro de nossa amiga, pareceu-nos poderosa estação radiofônica, reunindo milhares de antenas e condutos, resistências e ligações de tamanho microscópico, à disposição das células especializadas em serviços diversos a funcionarem como detectores e estimulantes, transformadores e ampliadores da sensação e da idéia, cujas vibrações fulguravam aí dentro como raios incessantes, iluminando um firmamento minúsculo.    O assistente observou conosco aquele precioso labirinto, em que a epífise brilhava como pequenino sol azul, e falou.....”    E adiante, completa:    “O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com o seu prodigioso campo de radiações. A ciência dos raios imprimirá, em breve, grande renovação aos setores culturais do mundo. “Aguardemos o porvir”.    Em Missionários da luz, o orientador Alexandre, analisa a Epífise como a Glândula da Vida Espiritual do homem que conserva ascendência em todo sistema endócrino, ligada à mente através de princípios eletromagnéticos do campo vital que a ciência comum ainda não pode identificar, e que ela comanda forças subconscientes sob determinação direta da vontade.   Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico pesquisador do Instituto de ciências biomédicas da Universidade de São Paulo em seu estudo da pineal chegou à seguinte conclusão:   “A pineal é o sensor capaz de ver o mundo espiritual e de coligá-lo com a estrutura biológica. È uma glândula que vive o Dualismo: Espírito-Matéria”.    Encontramos agora, através da eminente física Danah Zohar, informações importantes, resultado de estudos e discussões criativas sobre o quadro pintado pela teoria quântica desvendando aquele quadro fantástico de partículas subatômicas descritas pela Física Quântica. Cientistas, espiritualistas afirmam que estamos numa nova frequência do universo, desvendando camadas de energia. Assim, encontramos em resposta à inquirição humana o descobrimento das três inteligências que regem o homem em sua caminhada transitória.    O famoso QI, a inteligência analítica através da qual elaboramos conceitos e fazemos acontecer a ciência. Através dela organizamos o mundo, solucionamos os mais variados problemas.    A segunda , é a Inteligência Emocional, enfatizada pelo neuro-cientista Harvard David Golemam em seu livro “A Inteligência Emocional”. Essa segunda classe de inteligência nos mostrou o pensamento convicto de pensadores deste Platão, passando por Santo Agostinho até Freud: a estrutura base do ser humano não é a razão, mas a emoção. Somos seres de paixão, empatia e compaixão e só em seguida a razão.   A Inteligência Espiritual, a terceira inteligência, nos torna sensíveis aos valores que nos fazem sentir inseridos no Todo.  A base empírica dessa Inteligência reside na biologia dos neurônios e neuro biólogos como Danah Zohar, Persinger e outros,  que batizaram essa região do cérebro que comporta a Epífise como “Ponto de Deus”. A existência desse Ponto Deus, representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie e sempre esteve lá, apesar de não ser perceptível ao consciente nos capacitando a sentir a Presença de Deus. E como a espiritualidade pertence ao humano não sendo monopólio das religiões, entendemos ser a religião uma das expressões do Ponto de Deus.   Referência também ao nosso querido Médium Divaldo P. Franco que se referiu aos anos 90 como a Década do Cérebro, período em que o cérebro começou a ser decodificado a uma velocidade incrível a ponto de admitir-se que a criatura humana terá uma realidade causal e outra transcendental.  O eminente Físico, Espírita e médium Raul Teixeira, diz que o espiritismo nasceu da sede do ser humano pelo conhecimento.    Em todo o tempo presente, vê-se a aceitação da realidade espiritual por parte de muitos cientistas. Como explica Divaldo P. Franco: “Na estrutura humana cerebral reside o Ponto de Deus”.   E agora? O que virá a seguir? Um longo caminho a percorrer a fim de adquirirmos um conhecimento mais amplo a respeito das coisas intangíveis como pensamento e consciência. Existem fortes indícios de que o concreto e o abstrato poderão vir a ser preenchido por determinados fenômenos de natureza quântica. Esse é o caminho em que transitam atualmente Danah Zohar, Roger Penrose e outros. Tudo pode ser confirmado por métodos científicos incontestáveis preenchendo a mente dos Tomés do dias atuais, devido à seriedade e procedências das revelações.       Descartes chegou, em seu tempo, a afirmar que a alma estava alojada na Glândula pineal.   A Física Quântica contribuiu para essa mudança filosófica quando demonstra que após o seu advento, ser o materialismo impossível. Não se pode mais acreditar que o elemento básico da realidade seja apenas matéria. A própria matéria é dedutível à energia e a energia é imaterial.  Essas questões, verdadeiros desafios para pesquisadores espíritas, e ateístas sempre ávidos por desmistificar e contradizer. Porém, a ciência em seu avanço apenas contribui para o estudo dos Mecanismos da mediunidade quando caminha através da neurociência. A Glândula da Vida mental (ver Missionários da Luz, André Luiz).    A Codificação Espírita não deixa dúvidas a esse respeito:
Kardec: A alma tem, no corpo sede determinada e circunscrita?   Resp: Não, mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à humanidade.  (Questão 146, O Livro dos Espíritos).
A resposta, pois virá, portanto da nova Física Quântica que isola nossa visão reducionista, nega o materialismo nos permitindo descobrir que a mente não é apenas uma função cerebral. Que com a Física Quântica unida à Psicologia, e Filosofia, poderemos viver num Universo conciliador, entendendo que nós e nossa cultura somos partes integrantes desse esquema de vida como nos diz Michel Serres, quando expõe o conceito emitido pelos filósofos gregos que afirmavam que vivíamos num universo conciliado onde a ciência do homem e a ciência das coisas coincidem. Podemos mesmo repetir as palavras de Krishnamurti sobre a inter-relação das coisas quando proclamou:
-Eu sou o mundo”.
                                                        Scarolla Carolina
Trecho do ensaio:  Diálogo com o Medo, Sônia Carolina, livro Confidências no Espelho a ser brevemente editado)                                                                          
Brasília, março, 2010

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sôbre relacionamentos

SCarola-Carolina

“... desligados, precisam conectar-se”...  (Balman)

       Nada existe com a garantia explícita da permanência, pois tudo está sujeito à transitoriedade, à fragilidade dos laços humanos sejam eles de que natureza for, pois nada vive para sempre.  Existe também a constatação por vezes cruel da fragilidade dos sentimentos, dos desejos conflitantes que unem e se desfazem numa necessidade cada vez mais fremente e imperiosa de unir e afrouxar laços, desfazer e refazer vínculos que julgávamos indissolúveis e imorredouros. O super homem de Nietzsche de repente, tornou-se frágil, dependente de uma sociedade que exige a cada hora, novos valores, de imprescindíveis talentos para a resolução do paradoxo: a crescente necessidade de conectar e desconectar-se do parceiro idealizado, a necessidade de reviver momentos de paz longe dos problemas, encargos e desejos do outro com o qual, em determinados momentos, não conseguimos nos ligar verdadeiramente.  Abandonados dentro de nossas aspirações entramos em desespero pela falta do outro, entregues a confusos sentimentos ambíguos, tememos não suportar a onda de desejos conflitantes entre o querer com toda uma bagagem de responsabilidades e a determinação de romper laços na busca de uma individualização, e queremos então nos libertar das imposições, de estar ligado e ao mesmo tempo feliz por comungar sentimentos de forma fiel e sincera.   Essa dualidade de conviver entre dois opostos: o sonho e o pesadelo atropelam nossos pensamentos que se fragmentam entre o necessário e o inadmissível: o que se revela à nossa consciência como um sentimento perturbador, uma ameaça, uma atração incontrolável e a necessidade de salvaguardar nossos momentos de paz interior na degradante solidão a que nos entregamos movidos pelo medo. Medo das esperanças, dos momentos da amargurada desilusão quando vemos nossos sonhos se esvaindo como miragens miraculosas e inexistentes.   A incauta paralização de nossas ações ante o medo de perder, de nos sentirmos uma vez mais abandonados, soltos, livres num universo de dependências, mas cruelmente solitários ante a necessidade de agitação em meio ao arrefecimento das sensações.    Nessa incapacidade de registrar qual verdade escolher, a paralisia ou ação, nos levam a procurar situações nas quais precisamos preencher o que necessitamos sem as algemas que nos ligam permanentemente ao outro.   Queremos o amor, mas...    Um amor que não sufoque que afague sem oprimir, que nos retenha em suas malhas de satisfação sem nos aprisionar, decepando tentáculos de obrigações e deveres, sendo livres e ao mesmo tempo serenamente unidos ao outro a quem supomos amar nesse universo infinito de possibilidades.    No entanto, o coração sabe e identifica. O toque, o olhar, reconhece a presença que nos faz atravessar séculos à procura do sentimento que fez fremir nosso corpo e alma, embebidos no despertar de emoções esquecidas nos projetando de novo à vida que julgávamos vazia, árida e sem sentido. Um sentir inigualável que nos faz reconhecer no outro, transcendendo o tempo, aquele que nos acompanha através das vidas sucessivas e tudo, de repente, perde a importância. Temores, racionalizações e choramos e sofremos, abrimos nosso coração às doces alegrias do despertar da consciência num ritmo contínuo de reconhecimento e perplexidade.    Um sentimento forte e incontrolável de segurança e confiança quando aos poucos erguemos o véu das lembranças e as intuições disparam uma corrente, um fluxo de energia que inebria cada átomo do nosso ser e de repente...  O querer e o não querer. O receio da coagulação, da estagnação, do fracasso, da ausência do outro do rompimento da bolha dentro da qual nos encerramos acreditando serem verídicas, todas aquelas luzes criadas no mundo colorido da bolha de sabão.   Duas possibilidades nos encerram dentro desse universo de prolíferas indagações, reticências e respostas indecifráveis. Estar junto quando nosso corpo pede, necessita e regurgita de prazer e desligar-se quando fartos nos envolvemos em outra rede de conexão dentro da qual ansiamos pela liberdade a fim de não nos restringir à vontade poderosa do outro. E é aí que surge a incoerência inevitável nos levando ao olho do furacão ameaçando expandir-se numa velocidade crescente, aniquilando e promovendo a ambiguidade dos sentimentos confusos e perturbadores como se a qualquer momento pudéssemos voltar a nos religar, sem nos prendermos definitivamente à pressão a que esse relacionamento nos induz, sem rendição. Entretanto, dentro desse mundo inóspito e conflitante o que é real?   E o que virá depois da concretização, a morte advinda da realização?  Nessa fase dos sentidos o gozo se transforma em insatisfação, ansiedade ou depressão; enquanto que no período dos sentimentos o prazer derrapa em paixões possessivas que dão margem a tragédias e angústia tão logo se sintam saciados...  A necessidade de amor e a impermanência nesse estado gera um desequilíbrio ante o medo de viver no esquecimento, e o receio de perder o controle tornando a vida um inferno de sofrimento inevitável.  Esculpir dentro de nós o anjo, arrancando de lá a golpes de bigorna, o demônio ameaçador da nossa liberdade e da nossa individualidade conflitante.    Faz-se urgente a superação, a aceitação das nossas necessidades das nossas incoerências, amadurecendo nossos sentimentos para o crescimento interior a fim de conquistarmos a plenitude.  E ansiamos pelo amor, mas um amor que não nos aprisione, que quando nos locupletarmos de prazer possamos desligar volvendo à nossa rotineira ambiguidade, mas com a possibilidade implícita de retornar a essas mesmas emoções cada vez mais estonteantes e realizadoras sem nos rendermos à tensão e à pressão do “meu”. Algo que esfacelado, no momento oportuno torne a se recompor. Amor e rejeição. Estar só, estar atrelado e alinhado ao outro com padrões determinados de incoerência e perplexidade. Êxtase e furor! Vida e Morte no amor concretizado enquanto a busca recomeça a partir do nada, da transitoriedade e efemeridade do momento em que desnudamos a escuridão e nos volvemos estarrecidos pela luz, vulneráveis, excitados ante a perspectiva do que virá depois...   Perplexidade e assombro ante os sentimentos conflitantes e impetuosos. A excitação arrasadora e inevitável e o fastio, a evasão, o encolhimento dentro da nossa concha, ensimesmados, reticentes temendo pela nossa falsa independência, liquidificando laços e amarras para nos sentirmos, uma vez mais, donos do patrimônio do nosso destino, dos nossos sentidos e nos abstraímos...  Não percebemos que o essencial foi deixado por nós em plano secundário na paisagem psicológica das nossas aspirações conflitivas sem a importante descoberta da transcendência do Eu, a identificação do Eu profundo realizando a harmonia íntima com metas e ideal superior, nosso real objetivo existencial. Mas o amor sem apego nunca é obsessivo, portanto faz-se libertador, infinito não se confundido com a posse na busca do relacionamento sexual e do domínio pessoal. Até quando nos sentiremos acossados por essas emoções contraditórias e perturbadoras?   Até quando  abrigaremos  ideia de que somos únicos, que sobreviveremos dentro de nossa individualidade, que nos bastamos sem a necessidade explícita de comungar com o outro nossas ambíguas sensações de desejo e repulsão, de amor e de prazer?
 Esse ser humano violentado e ferido por contraditórias emoções, somos todos nós.
Scarola Carolina
Somos seres poéticos. Vida é poesia, arte, encanto e deslumbramento. Falaremos de vida, de amores, desamores e tudo o que a imaginação permitir. Navegar é preciso, viver não é preciso.