quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ronda

Ronda o sol pela campina insone.
Mãos douradas acariciando
os caules, sugando orvalho
de pétalas estremecidas
de enlevo e de prazer.
Caminho fremente
em meio ao orgasmo cristalino
das flores molhadas.
Vestido vermelho, roupa da noite
rompendo o dia na imensidão do campo,
enlaçando o vento e perfumando a aurora
entre núvens clandestinas, sem destino,
a andar à toa, suspirando, presa
ao pedestal de alguma dor.
Sempre assim:
estendo minha canção ao brilho daquela estrela,
envolta em véus, cingindo as flores
de uma primavera tardia
umedecida pela emoção de outras certezas,
flor que, sem indagar, perfuma...
Aqui estou.
Àgua pura escorrendo
na turquesa dos olhos
rolando melancolia além do tempo.
Por mares dantescos, espumas exíguas,
suspiros, paixão e despedidas
na rasa solidão em que me entrego.
Eis-me aqui.
Fôlha amarelecida de saudade esvoaçando
sobre corpos adormecidos.
Pensamentos efêmeros perdidos nas fímbrias
do horizonte tardio
acordam ecos longinquos
de um marulhar de asas por caminhos suspensos
ao encontro de amores perdidos...
Dor consumada:
te encontrei.
Vestido vermelho,
roupa da noite sangrando em carmim...
Rosa vermelha exalando saudades
pelos espinhos do tempo,
andando à toa na noite sem fim.


Poema extraído do Livro:    "Metamorfose"     2006   LGE Editora
Sônia  Carolina
Brasília DF
Scarolla Carolina

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