O grito azul de uma gaivota peregrina riscou o ar do horizonte cerúleo deixando no anil, um rastro de luz de sonho e ousadia.
E sobre um sólido mar de cristal inoxidável, deixou verter pérolas de inigualável frescor...
Ah! .... Então a luz, indecifrável enigma, rasgou as franjas de névoas inclementes em meio ao eclipse lunar que, transitando em meio aos soluços violáceos das estrelas murmurantes, cantou seu nome.
Ah!... Essa presença- ausência de nós dois...
Eu a sinto ainda neste desejo que me oprime...
Eu a sinto viver ainda, em meio às visões que passam sussurrando, no delírio destes versos, no suspirar singular de um desejo suspenso no silêncio, nessa pausa de estridente luz que clama em meio à madrugada a voejar, singela...
Sinto-a também em meio à profana melodia que, singrando esse mar de basalto azul povoado de estrelas e de sonhos, me traz de volta você...
Você que me esqueceu...
Você que ainda amo e faz parte de toda essa estória de profecias e de anjos, de dores e demônios, de sorrisos e lembranças...
Cavalgo o silêncio, empunho a minha espada - Dom Quixote – ainda a hostilizar moinhos...
Eu, na luta inglória e infernal à procura de você...
Nesse mar de cristal inviolável, estremeço, mergulho e me confundo com a luz que desperta o brilho de prata das estrelas refletidas no azul turquesa, no azul zimbório de anil e ametista...
Adormeço nessa saudade.
Scarolla Carolina
Nenhum comentário:
Postar um comentário