O pássaro preto
Calor causticante...
Á sombra de uma varando eu o vi...
Em movimentos desesperados, tentava, em vão, uma saída, e se debatia, rebelde e ansioso, entre as grades da gaiola, pequena cela para o seu tamanho....
Os olhinhos desesperados seguiam o sol que embalsamava de luz, o matagal próximo.
Ao pé da serra, a aragem que soprava, trazia consigo o frescor da plantação, das flores brejeiras, e o som estridente do canto da passarada livre!
E o pássaro preto ali, limitado e só, sem entender porque deveria estar ali, aprisionado, vendo bem perto, o lugar onde nasceu, o ninho que abrigava a companheira, sem ouvir a canção que canta o vento quando cruza o matagal florido, nem o som da cascata cristalina refrescando o ar...
E seu canto nostálgico e comovido, encheu o ar de notas tristes, na maviosa melodia, num piar tristonho a gemer de saudade, a chorar sobre lembranças e ansiedades.
Pobre pássaro, sem hoje, sem amanhã, cujo destino é destilar notas musicais, traduzindo melancolia através do seu canto em desatino, para deleite da mão assassina e indiferente, egoísta e sem Deus!
"Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que realmente existe é o próprio homem"
ResponderExcluirCarl Jung
por Carolina Bastista de Andrade